Reportagem de Jorge Nunes
Dia 5 Scuol - Keschhutte Sac 58 Kms Acumulado 1994 mts
Mais uma alvorada bem cedo, como habitual. Os ânimos estão muito em alta, pois hoje seria a etapa Rainha desta volta. Íamos bater o record de altitude e iríamos ficar a pernoitar num Hotel em plena alta montanha.
Como habitual depois de encher a barriguita do pequeno almoço e preparar as nossas meninas (bikes), fizemos-nos a estrada , mais uma vez logo a subir e bem.
Sendo no inicio uma estrada de alcatrão com uma subida bem acentuada lá fomos nós desfrutando, mais uma vez, de belas paisagens.
Continuando num sobe e desce constante (mais a subir que a descer), fomos ficando cada vez mais perto do nosso grande objectivo desse dia, que ficava lá bem no alto das montanhas. Fizemos uma paragem para o almoço cerca das 14:00h.
Daí para a frente é que começou o meu calvário (de certo que dos outros também, mas só posso relatar o meu). Ao inicio até que se levava na boa, sendo distraído pelo correr do rio e pela mata que se via em nosso redor.
Subida acima com vento e o frio a começar a fazer moça, o desespero começou a tomar conta de mim (lá tive de pôr em pratica o que um Militar aprende a ser - Resistir até a Morte). Como podem ver o caminho não facilitava a nossa progressão.
E quanto mais se subia ele ficava neste estado
Os últimos 10 kms foram feitos com a bike as costas, com a altitude a fazer a sua moça. Respirar era uma tarefa bem difícil. A passada tinha de ser lenta (tudo me passou pela cabeça EX: "....reservamos o hotel pela net será que neste fim do mundo estará aberto a nossa espera...." ; mas quem se lembra de passar por aqui de bike, só os loucos....) e bem gerida para chegar ao objectivo. Finalmente vejo uma pequena casa em madeira bem pequena no horizonte... "deve ser ali...", mas nunca mais conseguia lá chegar. Bem perto das 18:00h finalmente chego ao tão cobiçado ponto mais alto da nossa jornada.
Era o MAIOR DO MUNDO, depois de tanto sofrimento e de estar regelado não resisti a abrir o corta vento e fazer questão de mostrar aquelas montanhas a camisola dos Papa Trilhos.
A vista em redor era soberba.
Algum tempo depois, chega o nosso ultimo companheiro que trazia a moral completamente em baixo. Vinha com a sua menina às costas, naturalmente como os outros o fizeram, mas as noticias não eram as que ninguém queria ouvir (dei uma queda e parti a escora traseira em carbono... para mim acabou aqui os Alpes). Como sempre o moral deste pessoal não se fez abater. Vamos tomar um banho que já se faz tarde. O jantar sai as 19:00h e depois logo se resolve isso - não te preocupes que tem solução!
Após um jantar bem condimentado.
Toda a equipe foi por mãos à obra para resolver o problema do camarada que afinal era de todos. Como iríamos resolver um problema daqueles num sitio daqueles? Depois de uma volta pela oficina e cozinha do hotel, alguém viu a solução para o problema (passava por uma lata de pessego e fita isoladora).
Como podem ver nas imagens, foi colocada fita isoladora na escora de carbono para proteger o contacto com a tala metálica que foi feita da lata.
Depois foi colocada mais fita isoladora a envolver tudo, no final foram colocadas abraçadeiras para reforço.
E assim ficou. No dia seguinte logo se iria ver como se portava.... mas o nosso mecânico de serviço (Baleia) disse logo - "isto aguenta de certeza". Como com este trabalhinho já se fazia tarde, fomos recolher às nossas camas muito originais.
... ehehehe!!!