Os preparativos já vinham de longa data. Estava tudo preparado para uma das maiores aventuras dos Papa Trilhos. E não estou a exagerar, pois se para alguns era uma repetição, para outros, a estreia revelou-se como uma das maiores ansiedades. Também não pode ficar ao acaso que estávamos perante uma representação feminina de peso - umas maravilhosas 7 meninas (não fosse o 7 um número perfeito!).
A nossa aventura começou bem cedo. Era ainda madrugada quando foi activado o 1º ponto de encontro. Ainda não tinham dado as 5 badaladas da madrugada quando algumas luzes penetravam no Parque das Lagoas. O trajecto estava carregado no GPS, as malas e alforges carregados, a brilhantina no cabelo e a boa disposição ao rubro.
Depressa rolámos até à estação ferroviária de Coina passando pela casa de alguns Papa Trilhos. O comboio já esperava por nós e às 05.52h iniciou a marcha em direcção a Lisboa. A saída foi na estação Roma-Areeiro de onde seguimos para o Parque das Nações. Contra a vontade de todos, a chuva acompanhou-nos em todo este trajecto. Será que era o que nos reservava os 130Km até Olhos D'Água?
No Parque das Nações juntaram-se os restantes camaradas do pedal (não posso dizer colegas senão o pessoal da tropa reclama) e estávamos prontos para dar ao pedal. 33 alminhas movidas pela amizade, gosto do BTT e a Fé de cumprirmos o objectivo de chegar a Fátima alinharam-se para registar o momento.
Com a chuva a não nos largar, rolámos até ao pequeno almoço. Percorremos o trilho junto ao rio Trancão cuja música pode ser solicitada ao CaJo San e fomos bombardeados por picadas de melgas. Uns mais sensíveis que outros, todos desataram a pedalar pois era uma batalha perdida. A Paula Crespo a tentar despistar a melga chefe de batalhão fez um looping em direcção ao rio, mas o Ni San conseguiu salvá-la pelo pé! Parámos na Póvoa onde abrigámos as bikes, não fossem elas constiparem-se e arregalámos as glândulas para apreciar alguns bolos, sandes e outros acessórios degostativos.
Seguimos viagem para pouco depois termos o 1º furo da aventura. O Mário San foi o premiado. Continuámos pelo percurso programado com alguns obstaculos pelo caminho. A passagem do caminho de ferro na Vala do Carregado foi por baixo da ponte e continuámos em direcção aos campo cultivados da Azambuja.
Já com o ahora do almoço a espreitar, anunciámos a nossa chegada a uma aldeia - Valada. Invádimos o café local para aconchegarmos o nosso estômago com algumas bifanas e uma bela sopinha. Aproveitámos também para desfrutar da pausa merecida antes de reiniciamos o pedalar até Santarém.
Alguns Kms mais tarde, aí estava ela. A 1ª subida do percurso que nos levava à cidade de Santarém. Pedalada a pedalada, chegámos ao topo onde se fazia sentir um vento mais frio. Depois de atravessarmos a cidade de Santarém entranhados em plena manifestação do Dia do Trabalhador, seguimos viagem passando pela Azoia de Baixo, Advagar, Santos, Casais das Milhariças.
Pelo caminho ainda presenciámos uma queda aparatosa do Paulo Martins cujo cromado teve de ser assistido pelas Enfermeiras de serviço (isto é que é um passeio de qualidade!).
Antes de chegarmos a Chã de Cima, passámos pelo trilho dos moinhos onde podemos disfrutar, além de uma bela subida, uma excelente paisagem que arregala a vontade de nos aventurarmos nestas andanças.
Com o Alviela já em mente, até lá foi sempre a descer em grande
velocidez. O 1º objectivo estava cumprido! Fizemos o check-in no Centro de Ciência Viva do Alviela onde iríamos passar a noite e jantar após cerca 130Km desde Fernão Ferro. Estavam à nossa espera 3 camaratas, 2 para os meninos e 1 exclusiva para as meninas. O jantar, servido no restaurante do recinto, foi bastante agradável, não tivessemos nós a vender boa disposição, com umas entradas de enchidos, sopa e massa com bifinhos com cogumelos.
Depois de uma noite com o sono possível, fomos tomar o pequeno almoço para iniciarmos a nossa 2ª etapa com um subida de respeito. Uns a pé, outros andando e alguns a pedalar, passámos a 1ª dificuldade do dia.
Para este dia, estavam reservados cerca de 36Km e muitas subidas para fazer. Por isso era preciso gerir bem o esforço, pois só a subida da Serra de Sto António tinha cerca de 5Km. O Covão do Feto era o inicio desta subida. Devagar se vai ao longe e logo no inicio 2 furos. Um não será dificil de adivinhar quem... pois, o Mário San! O outro, foi a Marlene San, num glorioso feito de furar com a bike a andar pela mão.
Lá em cima, apreciámos uma bela vista que nos reconfortou o esforço despendido para chegarmos até ali. Até Mide, era sempre a descer com pedalantes a atingir os 70Km/h.
Em Minde fizemos uma pausa para café e abastecermos antes de iniciámos a última parte do percurso até Fátima. Em contacto permanente com os autocarros onde deslocavam-se os nossos acompanhantes que haviam saído de Fernão Ferro nessa manhã, íamos gerindo o ritmo, tendo em conta as dificuldades do percurso e o tempo que os autocarros iriam levar para chegar a Fátima.
Com a A1 mesmo ali ao lado, íamos cortando a serra pelos trilhos e alguns geradores eólicos, numa zona bastante ventosa. Já com o aroma de Fátima, ainda parámos para um rápido abastecimento de água na casa de um camarada de guerra do CaJo San.
Os últimos Kms eram de ansiedade. Estávamos quase, mesmo quase a chegar. O CaJo San atrapalhado com a emoção, ainda deu uma pequena queda só com consequências para o orgulho. Pedalada a pedalada, comecámos a avistar a torre da igreja de Fátima e a Cruz. Encaminhámo-nos para onde os nossos acompanhantes estavam à nossa espera e em rigorosa formatura com as meninas à frente e os meninos em orgulhosa escolta, chegámos TODOS ao aconchego dos nossos Familiares que ecoavam o nome dos Papa Trilhos e nos receberam com muito carinho.
Entre algumas emoções, cumprimentos e palavras de parabéns, cumprimos o nosso objectivo! A foto de grupo prova a fé que moveu este grupo até ao Santuário de Fátima.
Participantes: Paulo Alex San, Marlene San, Rui San, Paula Crespo, Rikybike San, Mário San, Bela, Luis Ferreira San, Marco San, Mimosa San, Gina San, Ni San, To Zé San, Félix San, Dora, Nelson San, Fernando Lapa, Carlos Prazeres San, CaJo San, Ivo San, Helena San, Telmo Povoa, Fernando Silva, Filipe Coisinhas, Paulo Martins, Gil Alves, Paulo Alves, Carlos Cardoso, Isabel Santos, José Lourenço, António Carvalho.