Reportagem por Pedro Santos
Confusão habitual no portão do parque, como a receção animada a cada um que ia chegando, geralmente ainda a terminar o procedimento do Despertar.
- Pedro, lembras-te da noturna, que fizemos há uns anos, à Moita?
- Lembro muito bem! – Responde ele ao Rui, com toda a convicção de quem ainda tinha a reportagem na memória!
Ainda a voltinha não se tinha iniciado e este diálogo já tinha predefinido quem seria o guia e quem iria escrever sobre isso.
Apesar desta volta noturna ter deixado algumas memórias ainda vivas havia sido há já quase 8 anos! Nada como ler recordar a volta original:
Os Cinco - Uma noite atrás da moita (13-09-2017)
https://www.papatrilhos.com/2017/09/os-cinco-uma-noite-atras-da-moita-2017.html
Apesar de termos reunido dez magníficos, o Mário e o Dias optaram por uma voltinha mais suave, reservando para eles um circuito mais suave do que é habitual no grupo.
Restaram oito elementos que tinham agora a responsabilidade adicional de pedalar também pelo Dias e pelo Mário!
Esta volta poderia ser mais uma, mas não foi! Passou a ser uma volta de reflexão, sobre os valores que têm sido preservados ao longo dos 17 anos do grupo Papa Trilhos.
Primeira Reflexão: Porque está uma data de gajos feios, todos juntos, a um Domingo?
Segunda Reflexão: O que é o conceito de “estar juntos”?
Terceira Reflexão: O que é o “Gordo”?
Embora sejam pontos relacionados pelo contexto, o facto é que cada um deles exige algum pensamento sobre a sua essência.
Alguns exemplos de frases que estávamos habituados a ouvir:
- Ficas tu aí à espera?
- És o último?
- Bora lá pessoal! Viemos para andar, ou para conversar?
Enquanto íamos direitos à Moita e, apesar de dois mergulhos na areia numa tentativa de mostrar as únicas quedas – fofinhas - que foram protagonizadas, o facto é que estas frases não se ouviram.
Algo mudou!
Apesar de termos repetido da volta de 2017, as famosas “rotundas” do ter de voltar para trás porque o caminho não era aquele, não houve sequer espaço para a barrinha ou gel.
Andar de Bicicleta, assume o papel de protagonista principal.
Algo mudou!
A chegada, aproveitando o monumento alusivo à terra onde estaríamos, permite preservar de uma forma bastante explícita o local e as pessoas:
Um fotógrafo apanhado a passar na rua, um encolher de barriga, um “clik” artificial de um smartphone, já estava!
Ainda estava a dar a última dentada numa barrinha, enquanto reparava que a data de validade já ia de 2022, já se ouvia lá ao fundo: - Estamos Todos?
Mastigando à pressa, enquanto metia os restos dos plásticos no bolso, há que montar depressa.
Algo mudou!
Perante a pergunta do percurso de volta, na pressão de que haveria horários a cumprir, o guia indica um caminho que metia Baixa da Banheira, Lavradio, Barreiro e outras localidades ali por perto.
No Lavradio, descobrimos uma espécie de parque aquático repleto de gente! Tanta fila para entrar que nem dava para passar, era preciso contornar a entrada do Salina Splash.
Até que o Eduardo, companheiro que estava a andar connosco pela segunda vez, com uma marca pessoal de uma queda por volta, diz a frase mágica:
- Conheço aqui um clube muito fixe: - Referia-se ao Futebol Clube Beira Mar.
Surge com duas litrosas e muitos copos – Estávamos no sítio certo!
Mesmo que 2 pudesse indiciar ser uma quantidade demasiado baixa – e era – a dividir por sete (um pediu um copo de leite), o chão do campo de futebol começou a parecer estar inclinado. Era um excelente indicador de que poderíamos estar a ultrapassar o limite! Ou a jola estava muito fermentada …
Ainda deu para ir até ao Barreiro, pelas praias e passadiços à beira-rio.
Já na parte final, aparece a nossa amiga Mata da Machada. Assumindo, por engano, a ordem “Mata”, com um já quase a morrer, seguimos direito ao cemitério para o último desejo de “pular a cerca”!
Só que o single onde nos metemos a seguir, de tão espetacular, fez ressuscitar o morto.
Foi sempre a abrir! A abrir até que, de repente, aquela situação que não tinha espaço para acontecer no antigamente: Um tresmalhado! Foi necessário parar, sacar do telemóvel e fazer um telefonema:
- Companheiro, no cruzamento, é para cortar à esquerda para a túnel, ou é para seguir para a direita?
- Então Men? É para seguir em frente! – Diz o amigo Bulhão.
- Mas não há frente, só há direita e esquerda!
- Pedrinho, é para ir para a direita, mas como se viesses em frente. Depois vais ter a um fontanário!
- Ok Percebi, vou seguir!
Ora, até aqui foi complicado, porque não existia nenhum fontanário, o que havia era uma estrada que, supostamente, iria para o tal fontanário….
Algo mudou!
Entretanto, surge o Rui e o Sá, que vieram à procura de quem tinha ficado para trás, partilhando a mesma opinião de que, mesmo com a passagem do conhecimento e ensinamentos, o espírito tradicional do grupo já não estava a ser implementado na prática.
Como em todas as histórias que acabam bem, há sempre uma questão que temos de colocar, que é o famoso “- E se?”.
Mesmo sendo raras as possibilidades de algo correr mal, o facto é que nos 17 anos do grupo, já ocorreram situações em que foi necessária assistência dos restantes e até teve de ser rápida!
É nisto que temos de olhar para o passado e refletir se queremos para o futuro:
- O grupo, não deixava um cruzamento vazio.
- O grupo, não deixava espaço para um acidente sem assistência.
- O grupo era o mesmo à chegada!
Algo mudou!
Aos dez que vieram até ao ponto de encontro, trocando o conforto do lar por umas horas na companhia de uns amigos sob pretexto de também andarem de bicicleta, o agradecimento por permitirem este momento de reflexão:
1. Fernando Dias
2. Mário Ferreira
3. Rui Inácio
4. António Sá
5. Jorge Bulhão
6. José Palma
7. Manuel Pereira
8. Rapaz da Elétrica
9. Eduardo
10. Pedro Santos
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